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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Uma das maiores dificuldades dos empresários está relacionada com o capital de giro, pois ele espera quando o investe em uma novo produto ou serviço obter retornos financeiros que irão financiar todas as outras necessidades da empresa. Por mais ingênuo que esse ponto de vista possa parecer, isso é comum entre os empresários menos experientes nos negócios. A expressão capital de giro diz respeito aos ativos a curto prazo da empresa, tais como estoques, duplicatas a receber, bem como a seus passivos de curto prazo, como quantias devidas a fornecedores. A administração do capital de giro é uma atividade diária que visa assegurar à empresa recursos suficientes para continuar suas operações e evitar interrupções que possam representar um alto custo.
Assim, em qualquer tipo de empresa, é preciso aprofundar-se no acompanhamento e na análise de capital de giro, que tem seu ritmo padrão de velocidade e produz resultados; precisa ser regularmente alimentado; é flexível, porém tem limitações; se bem gerenciado e monitorado, produzirá frutos por longo tempo, mas se for sobrecarregado ele deixará de cumprir sua função; e deve ser utilizado de maneira eficiente, racional e respeitosa, do contrário, consequências prejudiciais advirão. Dessa forma, uma empresa, em cuja liderança não foi inoculada uma genética empresarial austera e que enfrentou adversidades financeiras por longos períodos, quando dispõe de recursos, passa a se comportar como uma empresa rica. Ninguém dá o devido valor ao dinheiro, que some em cada operação, decisão e atitude. Nesses casos, nota-se nas pessoas alguns comentários mostrando que não acreditavam que deveriam mudar de atitude por causa deste valor irrisório, mesmo que esse dinheiro represente o salário de dois ou três funcionários.
Vincent Baron, sócio da Naxentia, acha que o sucesso de uma empresa não está ligado somente a uma ideia inovadora, uma excelente estratégia de marketing ou até mesmo à fidelização de seus clientes. “Não é raro vermos empresas líderes de mercado passarem por dificuldades, alimentarem dívidas gigantescas, entrarem em recuperação judicial e, só depois de um momento crítico, iniciarem um processo de reestruturação. O problema é que, independentemente do porte da companhia e do mercado de atuação, a má gestão e decisões financeiras equivocadas são problemas comuns e que podem comprometer a trajetória de qualquer companhia. O processo de reestruturação, se bem conduzido, ajuda a tornar as empresas ainda mais fortes e eficazes. Quando a situação começa a fugir do controle, é hora de repensar as decisões e buscar soluções. Muitos empresários, não sabendo como lidar com situações críticas, acabam aumentando financiamentos bancários de curto prazo, criando uma verdadeira bola de neve. Também é comum vermos decisões desesperadas, como baixar excessivamente os preços para aumentar o faturamento, e conseguir ter mais duplicatas para descontar”, observa.

Baron acredita que o primeiro passo para melhorar a saúde de uma empresa é financeiro, especialmente pensando em criar um plano de reestruturação crível, gerar números gerenciais confiáveis e renegociar as dívidas. Essas dívidas podem ser com instituições financeiras, com o governo ou fornecedores, e a renegociação permite ter um alívio que permita a empresa retomar o caminho do crescimento sustentável. Este passo é o mais indicado para tentar sair da inadimplência e reconstituir a saúde financeira da companhia. Quanto pior a situação, mais raras são as soluções. Assim, a recomendação é não esperar a situação chegar ao extremo para procurar soluções.
A empresa precisa ter claramente definidas as suas despesas por centro de custo, com gastos fixos e variáveis e os desembolsos necessários para o pagamento das dívidas – não somente o pagamento de juros e sim com o pagamento do principal. Conhecimento, controle e planejamento são palavras chaves para uma boa gestão financeira que fica mais critico quando a empresa esta mal. Somente com informações claras com relação à dívidas, custos, fluxo de caixa e custos fixos e variáveis, a empresa pode começar a traçar um planejamento para renegociar com os credores e, principalmente as instituições financeiras”.
O empresário conta que, apesar da ausência de dados estatísticos, se estima que o primeiro item que as empresas deixam de pagar são os impostos. As empresas que enfrentam dificuldades financeiras acabam deixando este custo para o segundo momento. Os fornecedores assumem o segundo lugar no ranking. Depois de evitarem os desembolsos com o pagamento dos impostos, a saída é atrasar o pagamento dos fornecedores não estratégicos. Este caso, no entanto, pode gerar sérios problemas com relação a própria produção e o andamento das atividades da empresa.
Por último, estão as instituições financeiras. Entrar na ciranda financeira significa muitas vezes tomar empréstimos para pagar os custos de outros financiamentos e o problema parece não ter mais fim. Renegociar divida bancária requer um bom conhecimento dos produtos financeiros disponíveis, que também variam em função do porte da empresa. Principal, prazo, taxa e garantias são as quatro dimensões que entram na renegociação; mas ter um plano crível e o apoio de profissionais sérios e que transmitem confiança pode fazer uma boa diferença. Nos três casos, a renegociação da divida é um dos primeiros passos recomendados, junto com redução de custos e aumento do faturamento. Ou seja, a reestruturação operacional da empresa tem que ser concomitante a uma renegociação de dividas; renegociar dívidas reduz a febre, mas não cura a doença. E a venda de ativos não estratégicos pode ser uma boa alternativa para gerar caixa no curto prazo, conseguir melhores condições de negociação e demonstrar comprometimento”, acrescenta.
Quando a situação é ainda mais crítica, a saída pode ser entrar em recuperação judicial. A legislação recente foi uma grande conquista que já ajudou milhares de empresas a ter fôlego para sair do vermelho e voltar a operar normalmente. No entanto, antes de chegar a este estágio, há alternativas viáveis para recuperar a saúde financeira da empresa. A renegociação é o primeiro passo.
Em conclusão, pode-se afirmar que, para a recuperação de empresas fragilizadas, devem ser desenvolvidos: uma análise da viabilidade econômica, técnica e comercial no mercado onde elas atuam; os cenários alternativos dentro desse estudo de viabilidade; a estratégia de renegociação de passivos, visando à sua recuperação. Além disso, deve-se implantar alguns programas de reestruturação operacional, administrativa, financeira e comercial.


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